29 março 2008

Review: No More Heroes - Wii

Suda 51 é uma pessoa completamente diferente da maioria dos game designers. E não falo isso por culpa de sua aparência física ou de seu comportamento extremamente excêntrico. Digo isso porque ele é criativo. Criatividade está em falta em praticamente todos os gêneros de games e em praticamente todos os consoles. Mas algumas cabeças conseguem superar os limites e fazer verdadeiras obras que não só surpreendem o jogador como deixam um ar de genialidade no ar. Isso é No More Heroes o mais recente projeto do designer menos convencional de todos os tempos.

Cult até a veia

No More Heroes é um game que destoa da linha de games do Wii. Não é casual, não tem controles simplificados e não é de série famosa. Muito pelo contrário: é extremamente hardcore, tem uma jogabilidade desafiadora, é completamente inédito e pra completar ainda é adulto. Com certeza é único em sua espécie.

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Heroes evolui a forma de Killer 7, outro game de ação da Grasshooper que saiu em 2005 para Playstation 2 e GameCube. Mas dessa vez, a produtora foi ainda mais longe. O universo criado, o estilo gráfico, as possibilidades da jornada, se juntam e se completam para transformar o game em um verdadeiro clássico cult. Mesmo que muitos o classifiquem como mais um clone de Grand Theft Auto, pra mim ele vai além por vários fatores: inovação, estilo e carisma, muito carisma.

No More Heroes é um game bastante violento. Mas não gratuitamente, e sim estilosamente. Travis Touchdown é praticamente um otaku-assassino-armado com um sabre de luz. Há alusões a todos os tipos e ícones da cultura pop mundial e japonesa, além da ocidental claro. Não é um game que todos entenderão ou apreciarão. É um jogo para os verdadeiros nerds e para os que tem uma bagagem gamer grande.

Estilo, teu nome é NMH

Logo na primeira olhada, fica bastante claro que NMH não é um jogo de videogame qualquer. Basta reparar no estilo gráfico que o mestre Suda escolheu. Tudo parece inacabado, mas não por preguiça e sim por opção fazendo com que o visual chegue a ser em algumas partes vazio demais e em outras exagerado em demasia (você quase fica cego com tanta coisa ao mesmo tempo na tela). Uma mistura de Cel Shadding com os gráficos de Fear Effect (Eidos, PSOne, 2000) seria o mais perto do estilo do game, apesar da animação de NMH ser bem melhor.

Além do visual em si, os indicadores das condições do personagem, os rankings de desempenho, as conversas... Tudo parece excessivamente new. É uma experiência diferente de tudo o que você já teve e o melhor muito, mas muito recompensadora. Desde a maneira como o enredo se desenrola até a jogabilidade compacta agradam. Mas o que garante a diversão é o ritmo alucinante dos combates.

Mas então é tudo perfeito?

Depois de todas as características positivas, vamos falar dos pormenores, ou seja do que não deu certo no game. A primeira coisa que eu não gostei é da trilha sonora alternativa demais. Em alguns momentos eu senti falta de uma música mais climatizada e envolvida com o universo do game. Talvez tenha sido uma opção da equipe de desenvolvimento, que eu entendo como equivocada, infelizmente.

A segunda característica que poderia ter sido melhor aproveitada é a jogabilidade. Ela segura o tranco das batalhas e dos combates, mas poderia ser menos cansativa e mais variada. O ritmo algumas vezes intenso só piora a sensação de repetitividade. Uma pena. Mas que fique claro que não compromete ou faz de No More Heroes um game menor.

Como a muito tempo não se via

No More Heroes é um game único. Isso fica bem claro em todos os momentos da longa e intensa jornada. Há muito combate, sangue, mas principalmente estilo. Essa talvez seja a palavra que melhor defina o jogo: estilo. Tem pequenos probleminhas, que não influenciam na minha opinião final: é um game imperdível pra você que tem um Wii. Não se deixe levar pelos baixos números de vendas por aí: corra, compre e jogue. Você terá uma das melhores experiências que o console da Nintendo pode oferecer.

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